Geres - Trip report Part 2

NOTE: To all my non Portuguese reader and friends, use this link  
4º Dia
Este foi o dia escolhido para o ponto alto da nossa estadia, a grande caminhada até as Minas de Carris.
Antes de continuar o texto tenho que deixar uma aviso. O trilho que leva às minas de Carris desde a ponte do Rio Homem, está quase toda ele dentro da Zona de protecção Total, que faz com que, para se fazer o caminho tenha que se pedir autorização ao PNPG. Esse pedido tem um custo de 152€ que se tem que pagar obrigatoriamente mesmo que o mesmo seja indeferido. Para mais informações sobre esta temática aconselho a leitura desde texto.


Era perto das 9:00, quando nos posemos a caminho para a Portela do Homem (antiga fronteira Portuguesa), aonde deixamos o carro. Por volta das 9:20 já com o equipamento às costas, activei o GPS e começamos a descer pela estrada até à Ponte do Rio Homem, local aonde começa a caminha propriamente dita. era por este caminho, no tempo em que a mina estava em funcionamento, que passavam os vagões de minério vindo do topo do serra.



Durante a fase de planeamento, umas semanas antes ainda em casa, li e reli vários reports de quem já fez já esta caminhada e todos eram unânimes em classificar este trilho como difícil, não pela distancia, mas pelo terreno que se percorre. São 22km sempre a subir por cima de pedras, tipo leito de rio, pedras estas que são muito instáveis, tornando a caminha penosa e com um alto risco de se sofre uma queda ou lesão. O trilho em si não está marcado, mas é muito simples, basta seguir o caminho sempre em frente, não tem nada que enganar. Mas atenção caso queiram fazer o trilho é altamente recomendável levar a carta militar da zona, just in case.


Mal se entra no vale e se começa a andar, somos confrontados com a nossa própria insignificância perante tal majestosa visão. É dos poucos sítios em que já tive, em que me consegui abstrair de todo o mundo e confusão que nos rodeia, contemplado tão magnifica visão.

O trilho em si tinha de facto algumas pedras soltas mas nada de dramático que se justifica-se aquilo que tínhamos lido ... alarmistas pensávamos nós.

O vale é espectacular, ladeado por grande picos e com o Rio Homem no meio, produzindo piscinas naturais perfeitas.  Durante o caminho avistamos várias cascatas de dezenas de metros para não dizer mais, que se precipitam desde o topo até ao sopé do vale. Uma paisagem de sonho.

Passados uns 4km de trilho fizemos uma paragem, ao tirar o GPS da mochila para o por em pausa, verifiquei que o telemóvel tinha bloqueado :(, lá tive reinicia-lo e começar tudo de novo, tendo perdido o registo de mais de 4.0km de caminhada, enfim, azares da vida. Lá repusemos os líquidos, descansamos uns minutos e retomamos a caminhada.



Pouco tempo depois, começamos a perceber o que tínhamos lido, gradualmente o caminho começou a ficar mais estreito, maior inclinação e as pedras começaram de facto a se fazerem notar. Passado um pouco já só víamos pedras por baixo dos nossos pés.
De facto andar naquele tipo de terreno é terrível, sempre com cuidado aonde colocamos os pés, não vá uma das pedras que pisamos, resvalar e cairmos ou torcer ou pior, partir um pé.

Algum tempo depois, estávamos muito bem a andar, quando subitamente ouvi um barulho de pedras a rolar vindo das minhas costa, achei estranho pois não tinham sido provocados por nós, qual não é o meu espanto quando olho para trás e a menos de 5 metros de nós se aproximavam 2 rapazes a alta velocidade, muito simpaticamente,  cumprimentaram-nos, deram-nos uma palavras de encorajamento e já seguiram a toda a velocidade. Nós não íamos propriamente a andar devagar, 3 a 4 km hora, só sei que andamos mais para ai uns 500m e eles  já nos tinham dado um avanço de pelo menos 1km.

Por volta dos 8km, chegamos ao planalto, ai termina o caminho das pedras e começa uma caminho bem mais plano e fácil. Mais uma vez a visão é fantástica, estamos rodeados de picos e verde. Do lado esquerdo do caminho podemos ver um antigo abrigo de pastores  e mais à frente umas vacas pastam livremente.
Já estamos perto, quase lhe conseguimos sentir o cheiro mas ainda não conseguimos ver as minas, ainda falta mais 2 km, de mais uma subida com pedras, um ultimo esforço e atingimos o nosso objectivo.

Chegados às minas, deparamos com o que resta do complexo das antiga Mina de Carris, um conjunto de paredes meio destruídas, num ambiente quase surreal num local tão inóspito como aquele. Imagino o que seria a vida daqueles trabalhadores em pleno inverno, num local tão remoto como aquele.

O mais engraçado é que as casas estão naquele estado, não porque as empresas que exploraram as minas no decorrer nos anos, as tenham destruído, mas devido à acção da natureza e dos seus rigorosos Invernos e pela acção do Homem, que durante anos pilharam e destruíram as minas.

No topo do complexo existe uma pequena elevação, e foi ai que decidimos nos sentar, restabelecer as nossas forças, comer e ingerir líquidos a fim de nos preparar para a descida, porque afinal ainda só estávamos a meio caminho o pior estaria para vir.
Do topo temos uma visão panorâmica de toda a região até perder de vista.

Claro que enquanto comíamos, acendi o fogão, para fazer o tão desejado café.  Depois de digerir alguma cafeína, arrumas as coisas e começar a explorar as minas, tendo sempre cuidado com os buracos sem fundo que estão espalhados pela zona. Não nos aventuramos muito pois a minha mulher estava com algum receio e eu não quis forçar.



Por volta das duas horas, a hora prevista no nosso plano, começamos a descida com bastante sol e calor. Se a subida é difícil a descida  ainda é pior. Ainda temos que ter mais cuidado com as pedras e por algumas vezes senti as pedras a resvalar por baixo dos meus pés. Se não fosse a vara poderia ter caído.



A meio do caminho fizemos uma pausa, para irmos molhar o pé nas muitas piscinas que existe no vale. A água é que um verde esmeralda impressionante, clara mas muito fria.



Por volta das 5:30, 8 horas depois de partimos lá chegamos ao carro com um sorriso na cara mas bastante cansado.


O único ponto menos positivo da viagem, foi o lixo que encontramos pelo trilho a fora e lá em cima nas minas. Desde garrafas de whisky, pacotes de leite tudo se encontra. Só nós recolhemos 1 saco cheio de lixo deixado por outros. Não se percebe como é que num lugar daqueles, se possam cometar actos tão ignorantes e de desrespeito pela Mãe Natureza.



É sem duvida uma viagem que aconselho a fazerem!!! É espectacular.


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